quinta-feira, 29 de maio de 2008

Diversas formas das populações indígenas defender seus direitos de sobrevivência.

Durante o mês de maio de 2008 tem sido exibido no jornalismo brasileiro reportagens sobre o incidente no Estado do Pará entre o Engenheiro responsável pela construção da hidrelétrica e os índios Caiapós. As reportagens apresentam com as seguintes expressões: "os índios Caiapós, num ato de selvageria ferem o engenheiro com facões". Essa reportagem no meu ponto de vista é tão simplista, pois, não revela o nível de diálogo que ocorria no evento; não revela o processo histórico para se chagar até aquele ponto; a selvageria só é visto do lado indígena, no entanto, não se explora o nível brutal de linguagem que o engenheiro tenha se utilizado para fazer a exposição. Ainda tem mais, na língua portuguesa tem muita armadilha que até para os falantes da lingua portuguesa é difícil de decifrar. Portanto, para falar com populações indígenas a respeito de grandes empreendimentos tem que ser muito prático, principalmente, quando se tratar de benefícios que as populações poderão ter. Pois, os Caiapós querem saber quais são as condições de sobrevivência que eles terão no decorrer da construção e após a conclusão da obra. Com tantos séculos de mentira, as populações indígenas só acreditam quando vêem.
Dias após o incidente, os jornais tem mostrado que os Ashaninkas no Estado do Acre tem rsolvido os problemas com equipamentos modernos, através de parabólicas via satélite conseguem mobilizar a Polícia Federal em Brasília, para a ação contra o contrabando de madeira da região.
Temos aqui duas formas de solucionar problemas enfrentadas pelas populações indígenas. Uma resolve com o facão, outros com tecnologia. Na outra extermidade, no noroeste amazônico, região do Rio Negro, as populações indígenas, também resolvem seus problemas através das ferramentas adquiridas através da Educação (não excluindo arco, flecha e facões, em muitos casos são necessários a sua utilização). Saliento que as ferramentas coexistem em qualquer seguimento social. Agora são três formas.
Os seguimentos sociais mais desfavorecidos desse país procuram defender seus interesses com os tipos de instrumentos ou "armas" que tem em mãos. Seja arco, flecha, facões; Internet ou Educação. O que temos de ter com clareza é que ao tratarmos de questões relacionadas aos seguimentos sociais desfavorecidos, tratar com respeito e dignidade. Pois, a maioria dos incidentes tem acontecido, por questões claras: tratar populações indígenas com inferioridade!

Elio Fonseca Pereira - Etnia Piratapuia
Cientista Social formado pela Universidade Federal do Amazonas
Mestrando no Programa de Educação,História, Política, Sociedade
Bolsista da Fundação Ford.

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