quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Uma pesca. Uma onça da Amazônia

Um dia sai para pescar por volta das oito horas. Atravessei o Rio Negro e comecei a pescar. Ainda não havia pescado nenhum peixe, quando ouvi cães latindo em sinal de caçada. Passado uns trinta minutos, vinha um rapaz da vizinhança, demonstrando estar assustado. Se aproximou e me falou que os cães estavam caçando a onça e que ela teria entrado no oco de uma grande árvore caída e que os cães estavam viagiando para que ela não saisse. Me fez o convite para matar a onça. Achei que deveria lhe acompanhar. Aceitei e fomos até o lugar em que a onça estaria. Ao chegarmos lá o desafio estava como fazer para matar a onça que estava dentro do oco de pau. Os cães não podiam entrar, seriam vítimas da onça! Puxar pelas patas, seria idéia maluca! Resolvemos fechar a saída com folhas! Começamos fazer alguns buracos ao longo da árvore na tentativa de localizá-la. Ao fazer o primeiro, ela não estava. No segundo também, ela não estava. Ao tentar o terceiro ela começa a aparecer nos outros buracos. Em alguns momentos ela desaparecia. Pegamos uma vara e começamos a provocar o animal. Ela ficava brava! O tempo ia passando. O plano não estava dando certo. Até que tivemos uma idéia: vamos tirar as folhas da saída da árvore! Ela poderia sair e seria o momento de matá-la. Um daria o tiro na hora em que ela saísse e outro com vara deveria espantá-la para que saísse. Quem iria dar o tiro na saía? O meu colega disse que ficaria para dar o tiro. Eu fui cutucar a onça com a vara para que ela saísse. Lá vai! Atenção. Tudo engatilhado! O que a gente não tinha idéia era da fúria da onça! Ela estava muito estressado dentro da árvore! E a expectativa era grande! A onça saiu em centésimos de segundos que o atirador não teve tempo de apertar o gatilho. Por sorte ela não devorou o atirador. Os cães continuaram a caça-la. Mas a alguns metros na selva ela devorou um dos cães e os cães desistiram da caçada.


Voltei para minha casa sem a caça e sem os peixes! Mas foi um dia muito divertido! Para não dizer de muito medo!



Essa história foi vivida por Arismar Cruz da Comunidade Indígena de Massarabi, Terra Indígna Médio Rio Negro II, município de Santa Isabel do Rio Negro/Amazonas-Brasil. Escrita por mim



Elio Fonseca Pereira

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